segunda-feira, 3 de abril de 2017

Cora Coralina em inspiração...


A Escola de Frankfurt em resumo.

Contexto histórico:
  • Instituto de pesquisas sociais das décadas de 20/30.
  • Está situada historicamente no início do século XX.
  • Contexto da I Guerra Mundial – 1914/1918.
  • Diante da crise de 1929, conhecida como a grande depressão econômica, surge os regimes totalitários, a exemplo do nazifacismo.
  • Após a II Guerra Mundial – 1939/1945, o mundo sofre a influência dos meios de comunicação - surge a indústria cultural e a cultura de massas.
Características:
  • Sofrerá influência do pensamento de Marx e Freud.
  • Fará duras críticas ao racionalismo iluminista.
  • Se firmará numa razão instrumental, que busca manipular fenômenos, sejam eles naturais ou sociais.
  • Entendem a razão como libertadora ou opressora do ser humano.
  • A política e a economia perpassadas pela filosofia, a estética e arte.
Duas correntes se opõe:
  • A corrente otimista – acreditava nos meios de comunicação como possibilidade de progresso e de libertação humana. Dimensão prometeica – componente libertador.
  • A corrente pessimista – compreendia os meios de comunicação como algo ameaçador, que desumaniza o humano e possui um caráter opressor. Dimensão de fausto – que abdica do essencial.
Ambas as correntes:
  • Farão críticas ao iluminismo, caracterizado pela extrema valorização da razão, ou seja, a razão é entendida como guia.
  • Entenderão o racionalismo iluminista como instrumento de controle.
Cultura de massa:
  • Aberta ao acesso de todos.
  • Aberta as camadas populares.
  • Parte da ideia de uma cultura produzida pelas massas.
Industria cultural:
  • Massificação – a cultura como um instrumento de doutrinação do capitalismo (instrumento de controle social).

domingo, 2 de abril de 2017

Para refletir - o poder aprisionador da globalização.


Disponível em: http://sarauxyz.blogspot.com.br/2016/08/milton-santos-capra-adelia-prado-moore.html#.WOEN7G_yvIU. Acesso em 02/04/17.

A geografia na poesia de Euclides da Cunha.

TEXTOS DE EUCLIDES DA CUNHA - São Paulo, 1982

Do topo da Favela, se a prumo dardejava o sol
e a atmosfera estagnada imobilizava a natureza em torno,
atentando-se para os descampados,
ao longe, não se distinguia o solo.

O olhar fascinado perturbava-se no desequilíbrio
das camadas desigualmente aquecidas,
parecendo varar através de um prisma desmedido e intáctil,
e não distinguia a base das montanhas, como que suspensas.
Então, ao norte da Canabrava,
numa enorme expansão dos plainos perturbados,
via-se um ondular estonteador;
estranho palpitar de vagas longínquas;
a ilusão maravilhosa de um seio de mar,
largo, irisado, sobre que caísse,
e refrangesse, e ressaltasse
a luz esparsa em cintilações ofuscantes...

É uma paragem impressionadora.
As condições estruturais da terra
lá se vincularam à violência máxima
dos agentes exteriores para o desenho
de relevos estupendos.

No enterroado do chão, no desmantelo dos cerros quase desnudos,
no contorcido dos leitos secos dos ribeirões efêmeros,
no constrito das gargantas e no quase convulsivo
de uma flora decídua embaralhada em esgalhos —
é de algum modo o martírio da terra,
brutalmente golpeada pelos elementos variáveis,
distribuídos por todas as modalidades climáticas.

As forças que trabalham a terra atacam-na na contextura íntima
e na superfície, sem intervalos na ação demolidora,
substituindo-se, com intercadência variável,
nas duas estações únicas da região.

Dissociam-na nos verões queimosos;
degradam-na nos inversos torrenciais.
Vão do desequilíbrio molecular,
agindo surdamente,
à dinâmica portentosa das tormentas.
Ligam-se e completam-se.
E consoante o preponderar de uma e outra,
ou o entrelaçamento de ambas,
modificam-se os aspectos naturais.
 *****
nordeste persiste intenso, rolante, pelas chapadas,
zunindo em prolongações uivadas na galhada estrepitante
das caatingas e o sol alastra, reverberando no firmamento claro,
os incêndios inextinguíveis da canícula.
O sertanejo, assoberbado de reveses, dobra-se afinal.

Passa certo dia, à sua porta, a primeira turma de retirantes.
Vê-as, assombrado, atravessar o terreiro, miseranda,
desaparecendo adiante, numa nuvem de poeira, na curva do caminho.
No outro dia, outra.
E outras.
É o sertão que se esvazia.

Não resiste mais.
Amatula-se num daqueles bandos,
que lá se vão caminho em fora,
debruando de ossadas as veredas,
e lá se vai ele no êxodo penosíssimo para a costa,
para as serras distantes, para quaisquer lugares
onde o não mate o elemento primordial da vida.

Atinge-os. Salva-se.
Passam-se meses. Acaba-se o flagelo.
Ei-lo de volta. Vence-o saudade do sertão.
Remigra.
E torna feliz, revigorado, cantando;
esquecido de infortúnios,
buscando as mesmas horas passageiras
da ventura perdidiça e instável,
os mesmo dias longos de transes e provocações demoradas. 
O vaqueiro criou-se em uma intermitência, raro perturbada,
de horas felizes e horas cruéis, de abastança e misérias —
tendo sobre a cabeça, como ameaça perene, o sol,
arrastando de envolta no volver das estações,
períodos sucessivos de devastações e desgraças.
Atravessou a mocidade numa intercadência de catástrofes.
Fez-se homem, quase sem ter sido criança.
Salteou-o, logo, intercalando-lhe agruras
nas horas festivas da infância,
o espantalho da secas no sertão.
Cedo encarou a existência pela sua face tormentosa.
É um condenado à vida.
Compreendeu-se envolvido em combate sem tréguas
exigindo-lhe imperiosamente a convergência de todas as energias.
Fez-se forte, esperto, resignado e prático.
Aprestou-se, cedo, para luta.

O seu aspecto recorda, vagamente, à primeira vista,
o de guerreiro antigo exausto da refrega.
As vestes são uma armadura.
Envolto no gibão de couro curtido, de bode ou de vaqueta;
apertado no colete também de couro;
calçando as perneiras, de couro curtido ainda, muito justas,
cosidas às pernas e subindo até as virilhas,
articuladas em joelheiras de sola;
e resguardados os pés e as mãos
pela luvas e guarda-pés de pele de veado —
é como a forma grosseira de um campeador medieval
desgarrado em nosso tempo.
Esta armadura, porém, de um vermelho pardo,
como se fosse de bronze flexível,
não tem cintilações, não rebrilha ferida pelo sol.
É fosca e poenta.
Envolve ao combatente de uma batalha sem vitórias...
A sela da montaria, feita por ele mesmo,
imita o lombilho rio-grandense, mas é mais curta e cavada,
sem os apetrechos luxuosos daquele.
São acessórios uma manta de pele de bode,
um couro resistente, cobrindo as ancas do animal,
peitorais que lhe resguardam o peito,
e as joelheiras apresilhadas à juntas.
Esse equipamento do homem e do cavalo talha-se à feição do meio.
Vestidos doutro modo não romperiam, incólumes,
as caatingas e os pedregais cortantes.

Perfeita tradução moral dos agentes físicos da sua terra,
o sertanejo do Norte teve uma árdua aprendizagem de reveses.
Afez-se, cedo, a encontrá-los, de chofre, e a reagir, de pronto.
Atravessa a vida entre ciladas,
surpresas repentinas de uma natureza incompreensível,
e não perde um minuto de tréguas.
É o batalhador perenemente combalido e exausto,
perenemente audaciosos e forte;
preparando-se sempre para um recontro que não vence
e em que se não deixa vencer;
passando da máxima quietude à máxima agitação;
da rede preguiçosa e cômoda para o lombilho duro,
que o arrebata, como um raio, pelo arrastadores estreitos,
em busca das malhadas.
Reflete, nestas aparências que o contrabatem,
a própria natureza que o rodeia —
passiva ante o jogo dos elementos e passando,
sem transição sensível, de uma estação à outra,
da maior exuberância à penúria dos desertos incendidos,
sob o reverberar dos estios abrasantes.
É inconstante com ela.
É natural que o seja.
Viver é adaptar-se.
Ela o talhou à sua imagem:
bárbaro, impetuoso, abrupto...
Ali estavam, gafadas de pecados velhos,
serodiamente penitenciados, as beatas —
êmulas das bruxas das igrejas —
revestidas da capona preta
lembrando a holandilha fúnebre da Inquisição;
as solteiras, termo que nos sertões
tem o pior dos significados, desenvoltas e despejadas,
soltas na gandaíce sem freios;
as moças donzelas ou moças damas, recatadas e tímidas;
em honestas mães de famílias;
nivelando-se pelas mesmas rezas.

Faces murchas de velhas — esgrouviados viragos
em cuja boca deve ser um pecado mortal a prece;
— rostos austeros de matronas simples;
fisionomias ingênuas de raparigas crédulas,
misturavam-se em conjunto estranho.
Todas as idades, todos os tipos, todas a cores...

 Ele seguia na frente — grave e sinistro — descoberto,
agitada pela ventania forte a cabeleira longa,
arrimando-se ao bordão inseparável.

Desceu a noite.
Acenderam-se as tochas dos penitentes,
e a procissão, estendida na linha de cumeadas,
traçou uma estrada luminosa no dorso da montanha...

Disponível em:http://www.antoniomiranda.com.br/sobreoautor/sobre_autor_index.html. Acesso em 02/04/17.

sábado, 1 de abril de 2017

O sertanejo e a sua bravura...

…as caatingas são um aliado incorruptível do sertanejo em revolta. Entram também de certo modo na luta. Armam-se para o combate; agridem. Trançam-se, impenetráveis, ante o forasteiro, mas abrem-se em trilhas multivias, para o matuto que ali nasceu e cresceu…”
(Euclides da Cunha, Os Sertões. Rio de Janeiro: FBN, p. 102.)

Para refletir com Rubem Alves...

Disponível em: http://www.portalraizes.com/clube-do-ipe-amarelo-rubem-alves-projeto-de-leitura/. Acesso em 01/04/17.

É preciso ensinar o transbordamento da felicidade – Rubem Alves

Quero falar da alegria de ser professor, pois o sofrimento de se ser um professor é semelhante ao sofrimento das dores de parto: a mãe o aceita e logo dele se esquece, pela alegria de dar à luz um filho.

Reli, faz poucos dias, o livro de Hermann Hesse, O Jogo das Contas de Vidro. Bem ao final, à guisa de conclusão e resumo da estória, está este poeminha de Rückert:

Nossos dias são preciosos,
mas com alegria os vemos passando
se no seu lugar encontramos
uma coisa mais preciosa crescendo:
uma planta rara e exótica,
deleite de um coração jardineiro,
uma criança que estamos ensinando,
um livrinho que estamos escrevendo.


Este poema fala de uma estranha alegria, a alegria que se tem diante da coisa triste que é ver os preciosos dias passando… A alegria está no jardim que se planta, na criança que se ensina, no livrinho que se escreve. Senti que eu mesmo poderia ter escrito essas palavras, pois sou jardineiro, sou professor e escrevo livrinhos. Imagino que o poeta jamais pensaria em se aposentar. Pois quem deseja se aposentar daquilo que lhe traz alegria? Da alegria não se aposenta.[…]

Para Zaratustra a felicidade começa na solidão: uma taça que se deixa encher com a alegria que transborda do sol. Mas vem o tempo quando a taça se enche. Ela não mais pode conter aquilo que recebe. Deseja transbordar. Acontece assim com a abelha que não mais consegue segurar em si o mel que ajuntou; acontece com o seio, turgido de leite, que precisa da boca da criança que o esvazie.

A felicidade solitária é dolorosa. Zaratustra percebe então que sua alma passa por uma metamorfose. Chegou a hora de uma alegria maior: a de compartilhar com os homens a felicidade que nele mora. Seus olhos procuram mãos estendidas que possam receber a sua riqueza. Zaratustra, o sábio, se transforma em mestre. Pois ser mestre e isso: ensinar a felicidade.

Rubem Alves em “A Alegria de Ensinar” – Versão PDF – Páginas 7/8/9 (Trechos)
Disponível em: http://www.portalraizes.com/rubem-alves-2/. Acesso 01/04/2017.

Consumo e descarte no documentário Ilha das Flores.

Um dos grandes problemas dos nossos dias está na relação consumo e descarte. Em todos os sistemas produtivos, resíduos dos mais diversos tipos são lançados no meio ambiente produzindo muitos impactos. Boa parte desses resíduos poderiam ser tratados antes de serem devolvidos a natureza ou até mesmo serem reaproveitados pelo próprio sistema produtivo. Contudo, o alto custo desses processos, acaba por desencadear atitudes irresponsáveis e muitas vezes criminosas, contribuindo para que grandes quantidades de poluentes sejam lançados todos os dias no meio ambiente sem qualquer tratamento. Além disso, milhares de pessoas que vivem numa condição extrema de pobreza, acabam sobrevivendo desses resíduos, numa condição degradante e perigosa. Que bom seria se enquanto humanidade fossemos capazes de perceber "que o supérfluo dos ricos é o necessário dos pobres, sabendo que, quem possui um bem supérfluo possui algo que não lhe pertence." E melhor ainda seria, se essa reflexão mudasse nossas relações, tornando-as mais conscientes, sensíveis e transformadoras.